domingo, 21 de novembro de 2010

A Arca do Fante


Ouvem-se ruídos - sinais da terra - tremores dentro dos ouvidos, captações de sons jamais reconhecidos. Embaixo de suas patas cabem calafrios e turbulências sombrias, algo inesperado e inquieto estava para acontecer.


As placas tectônicas se mexiam em ritmos frenéticos, tinham fome de mudança, tinham sêde de renovação, elas pareciam preferir se acomodar de uma forma mais pesada e tentavam encontrar seus lugares mais cômodos de um jeito ainda mais ameaçador no seu corpo mais profundo.

Ventos mudando de direção, o sol arriscando uma nova saliência e o mar desprovido de qualquer controle. Começa então a força energética vindo do fundo do oceano, força inesperada e aterrorizante, força orquestrada e agonizante.

Na terra segura, habitada por seres simbióticos, eis que surge o grande sensitivo, o salvador, o mais pensante e equilibrado dos seres silvestres, eis o Fante, um elefante. O rei da experiência, o misterioso voluntário da mata que vibra entre ondas de baixa freqüência e capta os mais impossíveis sons perceptíveis aos humanos.

Fante é o guerreiro salvador de seus vizinhos mamíferos, répteis, anfíbios, aves e insetos, ele tem o poder em suas patas que sentem forças vindo da terra e do ar penetrando em seu cérebro que pulsa por sinapses constantes e o avisa que algo com a Mãe Gaia está para acontecer.

Pouco tempo após sentir suas primeiras vibrações negativas, o fantástico elefante vai avisando por pegadas aos seus vizinhos que sentiu problemas na terra, que algo ali está errado e os encorajam para procurar um abrigo seguro antes que sejam sabotados pela própria natureza.

No ambiente seguro, bem longe do inferno potente e improvisado, Fante e seus vizinhos encontram lugar longe do estrago, longe do terrível e agitado oceano.

Fante salvou seus amigos porque soube ouvir o som da natureza, soube sentir e dar valor aos seus princípios, meticulosamente atravessou o caminho do cisma e entrou na era da esperança onde a possibilidade de uma tortura era sempre tomada por uma atitude realista. O elefante sensitivo criou sua própria “arca” e levou quem soube lhe dar ouvidos para um ambiente mais seguro, longe de toda fúria do mar gigante.

Enquanto seres humanos, desprovidos de sensibilidade que só sabem dar valor à coisas que vêem, foram amedrontados, sufocados, arrastados porque não souberam parar e prestar atenção na sua própria essência.

Humanos não reconhecem outra coisa senão seu próprio umbigo, não se conectam ao seu eixo, só reconhecem a freqüência de outras ondas, essas sim bem altas que misturam suas idéias e os deixam indisponíveis para qualquer outro lamento.

Fante salvou seus amigos, outros seres conectados, que por mais que sejam considerados irracionais, souberam acreditar em seu companheiro e perceber que fugir da fúria das placas vingativas era a melhor coisa a se fazer para que sua população não fosse retirada a força desse planeta.