sexta-feira, 30 de janeiro de 2009


Aos olhos do homem, ao mundo que o cerca, pela fogueira em que vive, pelo trato às noites mornas e o silêncio da manta na madrugada, é que mereço ela côncava no céu...feito sereno no quintal, o impulso brilha como fonte lúcida de prazer, mas a palavra que exprime a escrita não é tão clara como ela no alto, pois procura o impalpável para atingir a síntese misteriosa que é o luar...inalcançável num balbuciar, mas se manifesta plenamente tímida porque num vislumbre, o espírito recomenda-se como alimento, abrigo precoce para a descoberta impulsiva de tal escultura.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

É que agora sinto algo em mim renascer,
sinto o nó desfeito e a luz se acender.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Guardei essa imagem para te oferecer quando chegar, quero te fazer uma surpresa porque não terei como te abraçar. Se te entrego essa pequena lá no alto é porque te quero mais perto, pra estar sempre junto, pra dilatar o meu mundo e compartilhar o teu. Este pequeno fragmento foi antes marcado por palavras distantes, mas agora, não antes, peço que guarde com direito que é teu, porque essa lua é tua, eu a fiz pra você e agora eu sei que teu pensamento é meu.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

E assim com toda infantilidade que só possuímos quando somos crianças, foi que eles sorriram e instanteneamente paralizaram diante de mim. Permaneceram ali olhando meu rosto, minhas mãos, meu cabelo, minha roupa e supresos com a câmera que eu tinha em mãos. Então, expliquei que assim que eu os vi, eu tive uma idéia para tal fotografia e que sabia que eles iam concordar, pois pareciam meninos felizes e livres; e que com apenas um salto iniciariam uma série de fotografias, as mais belas que eu tiraria durante um tempo. Eles continuaram a me olhar, hora com olhos fantasiosos, hora com uma espécie de curiosidade física, querendo aproximar do objeto que eu tinha em mãos, fazendo assim que eu deixasse de explicar o método e apenas fizesse o que fui fazer. Assim que um deles se aproximou, eu recuei, dei alguns passos para trás, projetei a câmera para frente, olhei a ocular, enquadrei os garotos no plano que julguei ser perfeito e gritei empolgado, com um sorriso nos lábios: puuuuulem!
I
Há muitos anos eu vivo aqui, pacífico num ninho, um lar meu, um gesto teu, um olhar todo nosso.
Eu tenho germinado em tua terra, sentido o teu gosto, alisado seu rosto, encostado em teus pés.

II
Eu quis ter-te entre os seios para proteger-te, arranhar-te em ombros meus para juntar-te entre meu teto;
porém, tuas pernas te levaram para mais longe a sentir outros ventos, a encontrar antigo pouso.

III
Estive aqui em tua guarda para pregar-te em meu peito e jamais esquercer a superfície de tua asa
que brincou comigo feito casa e fez de tu minha nova morada.
Valente fui ao te deixar, levando comigo apenas os tons pastéis, o teu solar, nossos anéis;
embora contigo eu tenha me entregado e dilacerado minha memória,
enxuguei todo o meu cansaço debaixo de teu telhado que até agora me acomoda.

IV
Porque tu foi pra mim um intruso antes nunca envolvido, um querido hóspede a perigo
a caminhar entre minhas paredes transformando o féu em aroma ardente, textura quente
tornando-me seu abrigo entre os dias, dando meus perecíveis a um estranho ser
não sendo o mais astuto presente, fez eterno e distante aquele último entardecer

V
E tu que foi grama para o meu jardim trazendo uma boa colheita dentro de mim
substanciou e fez crescer o fruto em árvore antes já minha e me fez escolher a vida onde plantar
Vou querer pra sempre o teu sal, tua porta a me abrigar, teu café a me acolher, tua rede acalantar
pra depois de um qualquer de boa noite, ter um som teu em meu ouvido, para ter o que lembrar